quarta-feira, 28 de novembro de 2007

"A multidão é mais útil como modelo de optimização, do que de inovação - serve melhor para refinar o velho do que para criar o novo".

In "G u r u s o n l i n e"

As multidões não inovam

Apesar de ser a grande moda, a Web 2.0 não é a receita milagrosa para as empresas inovarem. O escritor americano Nicholas Carr volta a enervar os gurus das tecnologias de inovação

Jorge Nascimento Rodrigues, editor de Gurusonline, Agosto de 2008, com Carr
Sítios de referência:
Sítio pessoal de Carr | Blogue de Carr | www.nicholasgcarr.com/bigswitch/
Encomenda do livro mais polémico: Does It Matter | Artigo recente sobre o tema desta entrevista
Debate em 2003 sobre o tema lançado por Carr e apresentação do livro em 2004 na Janelanaweb

Com o disparo do mediatismo da Web 2.0 gerou-se a convicção que a lógica de mobilizar as 'multidões' seria o novo segredo para provocar a inovação. Para mais, com o desenvolvimento imparável da Web, as ferramentas para conseguir este milagre ficaram à mão de semear. Há mesmo quem já identifique, neste movimento recente, a emergência de uma 'inteligência de massas', que seria a chave para renovar a capacidade de inovação das empresas.
Mas cuidado: não embandeire em arco. Não se iluda. Não queira extrair da contribuição das multidões aquilo que elas nunca darão. "A multidão é mais útil como modelo de optimização, do que de inovação - serve melhor para refinar o velho do que para criar o novo", diz-nos Nicholas Carr, 48 anos, um autor norte-americano que, de vez em quando, choca os gurus das tecnologias de informação (TI) com as suas conclusões "politicamente incorrectas". E acrescenta: "Não espere que as massas tomem o lugar do 'feiticeiro' isolado ou do grupo de magos", comenta com ironia. E voltando ao sério: "A produção pelos pares ou pelas comunidades de amadores tem valor em algumas circunstâncias, mas tem aplicações limitadas". Para ele, os motores da inovação no mundo empresarial continuarão a ser, em grande medida, os talentos individuais (que, aliás, criaram as ferramentas e serviços da Web 2.0) e, depois, uma 'nomenclatura' meritocrática dentro das empresas, por mais que isso custe a aceitar pe Mas cuidado: não embandeire em arco. Não se iluda. Não queira extrair da contribuição das multidões aquilo que elas nunca darão. "A multidão é mais útil como modelo de optimização, do que de inovação - serve melhor para refinar o velho do que para criar o novo", la onda dos 'basistas'.

Mas cuidado: não embandeire em arco. Não se iluda. Não queira extrair da contribuição das multidões aquilo que elas nunca darão. "A multidão é mais útil como modelo de optimização, do que de inovação - serve melhor para refinar o velho do que para criar o novo".

A ideia resumida de Carr é que a inteligência das multidões não é para originar invenções ou dar forma final a produtos ou serviços inovadores para o mercado. Essa inteligência das massas é útil como "input" a digerir por um núcleo duro de talentos (hoje em dia as empresas usam cada vez mais essa diversidade de opiniões que brota das 'massas', da 'rua' do mercado como fonte de ideias, de sinais, de tendências, de teste, ou mesmo de detalhes críticos logo desde início do processo de inovação) ou depois para aprimorar.

O segredo por detrás do Linux

Por exemplo, seria essa tal 'nomenclatura' que permite ao movimento de 'fonte aberta' do Linux manter a sua dinâmica de desenvolvimento depois da sua criação por Linus Torvalds: "A autoridade central [no Linux] encarrega-se de filtrar e sintetizar o trabalho da multidão, escolhendo as melhores contribuições, fundindo-as num produto coerente, e depois redistribuindo o trabalho, de novo, pela multidão para a próxima rodada". O mesmo já não sucede na Vikipedia (cuja qualidade como enciclopédia é contestada pelos especialistas), argumenta Carr. Apesar do esforço progressivo para criar um corpo de gestão e uma hierarquia neste produto da Web 2.0, o mérito não é ainda o critério que garanta o controlo de qualidade, afirma o autor norte-americano. Num artigo polémico ('A Amoralidade da Web 2.0'), já há dois anos, este autor criticava a baixa qualidade dos conteúdos da própria blogosfera e de alguns produtos típicos do movimento da Web 2.0, e sobretudo a "ideologia" de a vestir como o novo supra-sumo da democracia participativa de massas ou da criação espontânea de conteúdos de qualidade.

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