Defesa: Militares recusam almoçar nas messes
In "Correio da Manhã":
Levantamento de rancho em protesto
Milhares de militares recusaram ontem almoçar nas messes em protesto contra aquilo consideram ser a “degradação” da carreira militar e prometeram endurecer as acções. Em causa está a passagem à reversa compulsiva de dezenas de sargentos, as “distorções” no sistema retributivo, a ausência de enquadramento legal das missões no estrangeiro e o novo Regulamento de Disciplina Militar (RDM).
Numa iniciativa promovida pela Associação Nacional de Sargentos (ANS), intitulada ‘Operação Carcaça’, milhares de militares por todo o País, segundo avançou a associação, almoçaram ontem fora das messes para uma “jornada de luta e reflexão”. “É vergonhoso o que está a acontecer [nas Forças Armadas].
Militares arriscaram a sua vida em missões no estrangeiro sem enquadramento legal, dezenas estão a ser empurrados para a reserva compulsiva, temos militares mais jovens a ganhar mais do que os militares antigos. Isto é vergonhoso”, afirmou ao CM, António Lima Coelho, presidente da ANS.
Contactado pelo CM, o Ministério da Defesa recusou comentar o protesto, enquanto os Ramos afirmaram que o mesmo “não teve expressão nenhuma”.
O novo Regulamento de Disciplina Militar é outra das preocupações: “Querem calar as vozes incómodas. Só isso explica as penas aplicadas aos militares na reserva e na reforma”, afirmou Lima Coelho, que voltou a apelar ao Presidente para não promulgar o diploma.
O dirigente associativo criticou ainda o Governo por não ouvir as associações militares em assuntos tão importantes como as carreiras militares e o sistema retributivo. “Os diplomas estão a ser feitos no segredo dos gabinetes, ao arrepio das associações sócio-profissionais.
Apenas exigimos que se respeite as leis”. E deixou um aviso: “Este foi o sentir do pulsar da nossa massa associativa. Se o Governo mantiver este caminho, vamos endurecer as acções de protesto.” Na próxima semana, vão decorrer várias reuniões entre as associações militares para analisar a situação e agendar novos protestos.
SUBDIRECTOR DO IDN DEMITE-SE
O subdirector do Instituto de Defesa Nacional (IDN), major-general Martins Branco, apresentou a demissão, alegando motivos pessoais. Mas segundo apurou o CM, estão em causa “incompatibilidades” com o director do IDN, António Telo. Contactado pelo CM, o subdirector afirmou: “Não me pronuncio sobre o assunto.” Já o Ministério de Severiano Teixeira recusou comentar. Ao regressar ao Exército, o major-general ficará na bolsa de supranumerários.
Ver:
PUBLICO.PT - Militares da Força Aérea faltam às refeições em sinal de protesto:
Militares do Centro Operacional da Força Aérea de Monsanto e da Base Aérea 1 de Sintra faltaram às refeições anteontem e hoje, respectivamente, "em solidariedade com camaradas alvo de processos disciplinares", segundo a Associação Nacional de Sargentos.
De acordo com o vice-presidente da Associação Nacional de Sargentos, David Pereira, o protesto ocorrido anteontem no Centro Operacional da Força Aérea de Monsanto teve uma adesão de 95 por cento.
"Segundo as informações que nos chegam das unidades, são acções que, de forma espontânea, surgem em solidariedade com os camaradas alvo de processos disciplinares", afirmou David Pereira.
Os levantamentos de rancho ocorridos na terça-feira e hoje terão sido suscitados pela "indignação" face a novos desenvolvimentos relacionados com os processos disciplinares a que foram sujeitos militares da Força Aérea que participaram o ano passado no denominado "passeio do descontentamento".
Também de acordo com David Pereira, alguns militares com possibilidades de promoção poderão ficar prejudicados na carreira por terem sofrido sanções ainda que o tribunal tenha decretado a suspensão da eficácia dessas medidas disciplinares.
O vice-presidente da Associação Nacional de Sargentos referiu que um dos dez militares cujas penas foram suspensas pelo tribunal de Sintra viu o seu processo com vista à promoção ser submetido ao conselho superior de disciplina.
"Se a eficácia da pena foi suspensa, não devia ser considerada para nenhum efeito", disse David Pereira, referindo ainda que a decisão do comando da Força Aérea "está a causar indignação".
"São acções que, de forma espontânea, surgem em solidariedade com os camaradas alvo de processos disciplinares", diz David Pereira
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